Convivendo com as cascas de banana

Vivemos uma realidade repleta de riscos e podemos resumir que nossa vida, ações, projetos, trabalho, sonhos e assim por diante nunca estão fincados em terreno totalmente seguro. Portanto o risco é um fiel companheiro que nos acompanha diuturnamente. Podemos, por exemplo, estar andando no calçadão de uma orla marítima apreciando o por do sol e escutando o marulho do mar. De repente, pisamos em uma casca de banana e tudo se transforma de uma hora para outra em de dor e aflição. Todos nós, conscientemente ou não, estamos às voltas com o risco, seja em casa, no trabalho, na natureza, em nossos empreendimentos , com nossas posses.

As cascas de banana estão por toda parte, inclusive no ambiente empresarial.

E quais são elas?

Vamos imaginar situações que ocorrem com certa frequência nas pequenas e médias empresas familiares. Na maioria dos casos o risco somente é tratado e combatido quando aparece, do risco financeiro ao risco operacional. Quantos empresários não investem o dinheiro da empresa em fundos de muita volatilidade? Quantos chamados de bombeiros não ocorreram em consequência de materiais estocados de forma inadequada ou manutenção de extintores deixada de lado por conta da economia de custo? Conhecemos muitas histórias de empresários que perderam muito dinheiro por contratos fechados no "fio de bigode", mesmo feitos com grandes amigos e até parentes. Algumas destas histórias se transformaram em tragédias. Outro grupo de empresários gosta de correr riscos de forma consciente apostando na sorte para conseguir seus intentos. Este grupo toma muitas decisões sem ter a fundamentação adequada para atingir seus objetivos, optando por mudar de ramo de atividade ou ampliando o leque de produtos por simples modismo. Os mais extremistas acreditam no seu tino e decidem mudar de uma hora para outro de ramo de atividade. Entretanto esquecem que o tino também pode falhar e que a sociedade e a própria economia de nossos dias é muito dinâmica. Se o empresário não olhar o que está acontecendo ao seu redor, em um mundo altamente volátil, talvez terá dificuldades em planejar o futuro do seu negócio ou simplesmente deixá-lo fenecer por sua cegueira empresarial.

No imaginário de muitos empreendedores e gestores de empresas menores, o risco é formalmente discutido e avaliado somente em empresas de grande porte.

Mas o risco acompanha toda e qualquer organização, cabendo às lideranças estarem sempre alertas em relação às ameaças e perigos. Faz parte da gestão empresarial zelar pelos riscos e transmitir essa preocupação a toda equipe de trabalho. Isso deve ser uma constante, independentemente da empresa.

Uma empresa de menor porte, inclusive familiar atuando em qualquer setor da economia, não precisará ter um Comitê de Risco ou algo semelhante em sua estrutura organizacional. Mas precisa ter sim, em todos os níveis hierárquicos, a analise do que representam e quais podem ser os riscos aos quais está exposta.

A questão do risco deve ser a preocupação dominante da empresa.

Em qualquer reunião, discussão ou troca de ideias ele precisa aparecer.

Utilizamos no nosso dia a dia diversas ferramentas que já estão voltadas a esta questão. Uma análise de viabilidade econômica financeira irá nos dizer qual o risco que corremos. Outros indicadores como retorno de investimento, pay back são igualmente ferramentas que nos apoiam em nosso processo decisório. Um programa de compliance com seu mapa de risco, abarcando as mais diversas áreas da empresa é um excelente termômetro e indicador de riscos. Programas de ESG igualmente nos auxiliam na avaliação de riscos nas áreas de sustentabilidade e impacto. Temos que explorar todas as ferramentas que estão à nossa disposição, estudá-las e aplicá-las. É a melhor forma de evitar e mitigar riscos em pequenas, médias e grandes organizações e mostrar as cascas de bananas que estão espalhadas por aí .