O País passou algumas semanas acompanhando com muita atenção a formação da equipe do novo governo federal. Na imprensa e nas rodas de conversa os contraditórios animavam o tom da troca de ideias. Muitos interlocutores estavam satisfeitos com as escolhas. Outros nem tanto. Na realidade precisamos ver para crer o que vai acontecer com o novo governo. Se não der certo mesmo, é relativamente simples após um certo período de stress e tensão trocar o ocupante do cargo. Após alguns dias da pagina virada - e um novo ocupante do cargo estar esquentando a cadeira -, ninguém mais falará sobre o assunto, até que uma nova dança das cadeiras ocorra. Simples assim.
Numa grande corporação ou empresa estatal o modelo de certa forma se replica. Havendo descontentamento por qualquer razão com relação a um gestor, diretor ou outro ele simplesmente será convocado para o dfaepartamento de RH para receber o seu bilhete azul.
E agora caro leitor, como isto se passa em uma empresa familiar? Poderá o filho ou um parente do “dono” simplesmente ser convidado a se retirar da organização? É óbvio que não. O processo é muito mais complexo, chegando ao quase impossível de ser realizado.
Vamos analisar alguns aspectos que de uma forma ou de outra outra atingem os membros de uma família empresarial. Em primeiro lugar, a família ou o “dono” deverão definir se os familiares terão o direito de trabalhar na empresa. Não o tendo, uma série de problemas poderão ser evitados e o caminho para uma vida familiar harmônica poderá ser pavimentado. Não haverão filhos ou herdeiros gestores, mas sim, os descendentes como controladores do negócio familiar. Para isto, poderão receber treinamento específico e serem membros do Conselho da empresa. Muitas empresas centenárias serpenteiam diversas gerações nesta forma de conduzir a questão.
De outro lado, temos famílias que optam por admitir filhos e parentes a participar da gestão dos negócios. Neste caso, o flanco está aberto para embates, conflitos e dissabores. Um dos primeiros aspectos a serem analisados é o critério da competência. Será que todos familiares são competentes? É justo admitir um jovem de um núcleo familiar e não admitir o seu primo ou irmão por ser menos competente? Quem fixa os critérios de competência para familiares? Uma segunda questão é o da remuneração. Geralmente os pais querem ser justos e intencionam remunerar todos os filhos com ganhos similares. Isto pode gerar um grande potencial de conflitos futuros. Não são todos os filhos que têm a mesma avidez pelo trabalho e a mesma dedicação.
Muitas famílias creem que os familiares são honestos e preferem trabalhar com honestos em detrimento a pessoas que desconhecem, mas que podem ser muito mais competentes. Qual a surpresa quando surgem casos de desonestidade em relação a própria empresa da família? O que fazer? Grave é quando a desconfiança começa a reinar entre irmãos. São vidros que se quebram e dificilmente o vaso poderá ser reparado. Pelos poucos exemplos dados, vemos como a questão de familiares trabalhando na empresa pode ser muito difícil de ser resolvida, chegando ao ponto do desligamento do familiar ser a melhor alternativa.
É de muita importância que as famílias empresariais desenvolvam e revejam de tempos em tempos os protocolos familiares que regulamentam estas questões, como por exemplo conteúdos que versam sobre a remuneração de familiares, admissibilidade, desligamento e assim por diante. Na maioria das empresas familiares brasileiras, formar equipes de gestores com membros da família é uma grande dor de cabeça.